- ACTIVIDADES DO CENTRO DE ESTUDOS DO DESERTO
C.1 PROJECTO IDENTIDADE GÉNERO E DESENVOLVIMENTO
Neste Projecto-Base de intervenção social do Centro de Estudos do Deserto – CE.DO identificam-se acções de realização imediata que podem tornar mais confortável a vida destas comunidades, mitigando alguns dos grandes constrangimentos que afectam a sua vida quotidiana:
- Comércio – estabelecimento de um sistema de comércio, pela instalação de pontos de venda (cantinas) distribuídos pelo território que adquiram a produção local e abasteçam de bens essenciais as populações ao longo do deserto, quer por troca, quer através da introdução do dinheiro na região;
1.1 Sub-programa de comercialização e combate à fome, regido por quatro vectores:
i .Proximidade do produto ao consumidor deixando este de depender para se alimentar do aparecimento esporádico de comerciantes ambulantes, ou a deslocação às cidades do Tombwae Namibe (cerca de 200 km) garantindo assim a oferta imediata de uma maior variedade de produtos;
ii.Aquisição da produção local (bens trazidos pela população)com dinheiro, introduzido pela primeira vez na região, eliminando gradualmente a troca directa (permuta de gado por mercadoria);
iii. Possibilidade de parcelamento das aquisições pelos consumidores (venda a retalho), pelo recurso ao dinheiro, ao contrário da situação da permuta que só permite aquisições a grosso;
iv. Ampliação das soluções culinárias baseadas nos recursos alimentares habituais, através da divulgação de diferentes formas de alimentação, com vista a enriquecer a dieta das comunidades, actualmente muito restrita e pobre e dependendo das variações sazonais, pela introdução de uma maior diversidade de alimentos que se revelem apetecíveis aos consumidores, após estudo e análise de critérios de consumo.
Situação actual: foi construída a primeira cantina-piloto na região de Ombwhu a 100 km do Tombwa, cujo custo orçou em cerca de 1.000.000,00 de Kwanzas; pretende-se instalar outras cantinas assim que existam disponibilidades financeiras.
A cantina encontra-se em funcionamento há cerca de um ano e tem sido importante na mitigação dos efeitos da seca severa que se vive, notando-se a satisfação dos utentes pela sua existência.
- Saúde – criação de 2 postos médico-sanitários semi-itinerantes, com capacidade para atender a população, em particular crianças, gestantes e mães, apoiados por duas ambulâncias 4×4;
3 – Formação Profissional – diversificação das capacidades profissionais da população, em particular das camadas mais jovens e das mulheres, através deformações adequadas às características da região, conjugadas com a alfabetização, no Centro de Formação em Artes e Ofícios, construído pelo CE.DO. Concomitante à formação será incentivada ao longo da região a criação de ateliers e oficinas das diferentes artes e ofícios ministrados no Centro para prestação de serviços e produção de bens de interesse colectivo, como forma de auto emprego.
3.1 Sub-programa de construção em terra iniciado em Julho de 2009com a realização do seminário e workshop “Arquitectura em Terra –Uma Aposta para o Desenvolvimento de Angola”, teve seguimento no1º curso de construção em terra, sob o lema “Contribuindo para um Habitat Melhor” realizado em Janeiro deste ano e visa os seguintes objectivos:
i. Promover uma melhor qualidade de vida, no que respeita à habitação, nas aldeias e periferias urbanas, utilizando materiais de baixo custo e de utilização acessível;
ii. Nas zonas rurais não pretende substituir a habitação tradicional das populações pastoris, conformes às condições ecológicas, econômicas e sociais das suas culturas, mas prevenir o derrube excessivo dos arbustos e mesmo o corte de capim destinado a pastagens, utilizados na construção de certo tipo de habitações;
iii. O sistema construtivo utilizado para as construções em terra é económico: implica baixos custos de transporte, tem um bom comportamento térmico, pode recorrer a mão-de-obra pouco especializada e permite prazos de execução de obra muito curtos;
iv. Utiliza materiais ecológicos, abundantes na natureza que não carecem de processos de transformação de matérias-primas que consomem meios energéticos dispendiosos. É reciclável, e reutilizável, é incombustível e não é tóxico. Deste modo a imputação dos custos de impacto ambiental neste sector da construção tornam esta tecnologia privilegiada entre as outras, pelo que o CE.DO, opta pela sua divulgação e estudo, como uma premissa do desenvolvimento, numa área onde o equilíbrio energético se encontra no limite do viável.
3.2 Situação actual: foi construído o pavilhão para Formação em Artes e Ofícios com o patrocínio do Governo Provincial e da Toyota de Angola, no valor de USD $ 380.000,00; o Projecto para realização das actividades de formação obteve o financiamento da Associação do Bloco 15, da operadora ESSO. Por seu turno o Ministério da Assistência e Reinserção Social disponibilizou equipamento e ferramentas para as várias formações.Igualmente foi construída uma residência “Lar”, com cerca de 700 m2sob administração directa e utilizando o adobe, para acolhimento dos formandos e formadores que venham a participar das formações e que oferece todas as condições de alojamento necessárias.Estão em curso as formações em Informática, Costura e Mecânica assim como a Alfabetização de Adultos e o Incentivo à Leitura(actividades extra-escolares) para os alunos da Escola local.
Estão identificados os cursos que oferecem interesse à população e que deverão ser realizados faseadamente, ao longo de 3 anos: –costura, processamento de frutas e legumes, dinamizador rural, artesanato, tecelagem, cerâmica, alfabetização e incentivo à leitura, informática com acesso à internet, mecânico, carpinteiro, guia turístico, pedreiro, serralheiro, bate-chapas, gestão de pequenos negócios.
3.3 Com o apoio do Projecto Comenius da União Europeia e a participação de 12 Escolas distribuídas em diferentes países europeus, foi possível angariar fundos que permitiram adquirir uma viatura 4×4 para recolha as crianças que habitam num perímetro de mais de 10 Km da Escola de Njambasana e que por esse motivo não podiam frequentar as aulas.
3.4 Subprograma de Alfabetização e Introdução à Língua Portuguesa, criado por exigência expressa pelos moradores da Kamilunga, povoação a cerca de 20 km de Njambasana e cujas crianças não seriam contempladas pela recolha em viatura pela precariedade da via, visa a criação de pavilhões construídos em material local pelos próprios moradores, assumindo o CE.DO o fornecimento das tábuas para as bancas de escrita e de assento e o pagamento ao monitor local que deve alfabetizar em língua nacional ao mesmo tempo que promove a iniciação à língua portuguesa para que no final do ano as crianças estejam habilitadas a frequentar o ensino regular. Os pais das crianças manifestaram também o desejo de frequentar as aulas.
Situação actual: foi construído o primeiro Pavilhão Escolar na Kamilunga. O Monitor foi seminaria do na Escola de Njambasana e tiveram início as aulas que decorrem com bom aproveitamento.Valores a mobilizar em Kwanzas para o funcionamento de um pavilhão ou posto escolar:
Água – Apoiar o programa do Governo de abertura de poços artesianos e de instalação de sistemas de bombagem manual ou por painéis solares, sugerindo localizações adequadas e promovendo a melhor utilização pelos utentes, prolongando a vida dos equipamentos.
Avaliação das possibilidades de irrigação para fins agrícolas ou de pastagens. Análise da situação das instalações existentes e que se encontram inoperantes.Distribuição de água a diversos pontos da região, carentes em absoluto deste bem, através de camiões-cisterna.
Situação actual: nenhuma acção realizada até ao momento. Torna sepremente a aquisição de viaturas específicas para esta acção.